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Rejeitos da produção de proteína suína alimentam a indústria de biodiesel no Brasil

08 de Novembro de 2021

A carne suína é uma das três proteínas animais mais consumidas no mundo e vem ganhando  destaque no prato do brasileiro. Só em 2020, o abate de suínos cresceu cerca de 6,4%, totalizando 49,3 milhões de cabeças segundo dados do IBGE.

Junto com a produção de carne, também aumenta a quantidade de rejeitos desses animais, como casco, pêlo, sangue, gorduras, entre outros que, se fossem dispensados na natureza, causariam um grande desastre. Mas, ao contrário disso, o material tem um destino nobre: transformados pela indústria da graxaria, os rejeitos viram componentes para ração animal e, principalmente, seguem para a produção de biodiesel – ao lado do sebo bovino e, especialmente, do óleo vegetal (soja).

Na região de Londrina (Norte do Paraná), o grupo RPF – quarto maior produtor de proteína suína do Estado – gera a cada mês em torno de 1400 toneladas de despojos provenientes dos abates diários de 3,1 mil cabeças em suas unidades de Ibiporã e Bocaiúva do Sul. Deste total, 10% resultam em graxa suína.

Segundo a gerente de suprimentos da Divisão Solutions do RPF Group, Alexandra Lukianou, a totalidade dos resíduos é atualmente processada por parceiros e destinada, em grande parte, para a indústria do biodiesel, um mercado que tende a ser crescente na medida em que consumidores buscam produtos menos poluentes e agressivos à natureza.

De acordo com informações da Agência Embrapa de Informação Tecnológica (Ageitec), um suíno produz, em média, 8 quilos de banha, e cada quilo pode ser convertido em até 750 ml de biodiesel.

Além de colaborar com a drástica redução de impactos ambientais, o biodiesel obtido a partir da gordura animal apresenta outras vantagens, conforme aponta a Ageitec, como: maior número de cetano (que mede a qualidade de ignição de um combustível para máquinas diesel e tem influência direta na partida do motor e no seu funcionamento sob carga); maior estabilidade de oxidação e menor índice de iodo (que indica a quantidade de insaturações presente na gordura).

Na estimativa do grupo Fasa, um dos maiores processadores de resíduos de origem animal do país, o setor de biodiesel consome entre 60% e 70% da graxa suína produzida no Brasil. O diretor da empresa, Robinson Huver, comenta que o preço do produto está bastante aquecido devido ao aumento da porcentagem de biodiesel ao diesel de 10% para 13%. Mas a tendência, na avaliação de Huver, é que a demanda e preços se assentem diante da nova decisão da Agência Nacional do Petróleo de voltar a reduzir o percentual da mistura. O que, na sua análise, não deve impactar fortemente no mercado. “Apenas os preços devem cair um pouco, devido à menor pressão na procura pelo produto”, considera.



RPF Group vai inaugurar graxaria em Ibiporã

O RPF Group vai inaugurar, ainda este ano, sua própria indústria de subproduto na cidade de Ibiporã. Assim, passará a processar os despojos gerados em suas duas unidades de abate e também vai comprar rejeitos de abates de terceiros. Com a inauguração da indústria, o RPF Group fecha todo o ciclo produtivo da cadeia suína, tendo total domínio da qualidade em cada etapa da produção.

O grupo trabalha desde a coleta e avaliação do sêmen até a terminação dos animais, oferecendo todos os insumos e assistência técnica – da logística até o manejo, garantindo um processo sustentável e maior renda aos integrados. “Essa questão é bastante importante para nós, porque garantimos ao consumidor e a nossos clientes a qualidade da procedência de nossos produtos”, comenta Alexandra.


Rejeitos da produção de proteína suína alimentam a indústria de biodiesel no Brasil